
Pressão arterial de cobras
Cobras são excelentes modelos para o estudo da pressão arterial e fisiologia circulatória devido ao formato alongado do corpo. Além disso, variam quanto ao tamanho e comprimento, e podem sobreviver em um vasto número de habitats, podendo ser desde completamente arbóreas a completamente aquáticas. William Harvey comprovou este fato há trezentos anos atrás, quando utilizou cobras em seus experimentos e demonstrações do sistema circulatório, mas apenas recentemente as cobras voltaram a ser utilizadas no estudo da forma e função da circulação.
Devido aos corpos alongados, as colunas de fluido dentro dos vasos são extremamente susceptíveis às mudanças hidrostáticas durante posturas eretas (por ação gravitacional). Devido à ausência de válvulas venosas, o sangue tende a se acumular nas partes mais inferiores quando a cobra encontra-se em posição ereta. Isto acarreta uma diminuição do fluxo sanguíneo cefálico, sendo eventualmente causa de morte do animal após um longo período.
Entretanto, muitas cobras desenvolveram mecanismos comportamentais, fisiológicos e morfológicos para compensar os problemas causados pela redução do fluxo sanguíneo para o cérebro. Cobras arbóreas e terrestres geralmente regulam pressão arterial de modo similar, com apenas algumas diferenças. Cobras completamente aquáticas, por sua vez, mostram pouca habilidade em regular a pressão arterial quando inseridas em ambiente terrestre.¹
Cobras arbóreas e terrestres, por exemplo, quando em posição ereta realizam movimentos facilitadores da circulação (cardiovascular facilitative movements), que consistem em ondulações laterais que se movem rapidamente ao longo do corpo independente da circulação e sempre em direção à extremidade anterior. Tais movimentos aumentam o retorno venoso do coração e o volume sistólico final, aumentando tanto a pressão arterial quanto a venosa e assim aumentando o fluxo arterial sistêmico.²
Hemachutus hemachutus
Por: Terezinha Maria
Referências
¹Texto traduzido e adaptado de "Physiology of blood pressure in snakes"<https://www.bio.davidson.edu/people/midorcas/animalphysiology/websites/1999/Roberts/index.htm>
²Fragmento do artigo "Lillywhite, H.B. (1985) Behavioral control of arterial pressure in snakes. Physiological Zoology, v. 58, p. 159-165."
Livro texto e Autor
Fisiologia Animal: Adaptação e Meio Ambiente
Livro-texto da disciplina, de autoria de Knut Schimdt-Nielsen (1915-2007), figura proeminente no campo da
fisiologia comparativa e Professor Emérito da Universidade de Duke.
É citado como "pai da fisiologia comparativa e biologia integradora".
Leitura simples e linguagem fácil.
Onde comprar: www.editorasantos.com.br
Knut Schmidt-Nielsen
Curiosidade Animal
Eleutherodactylus iberia (Robber frog)
Segunda menor espécie de sapo conhecida, mede cerca de 10 mm quando adulto. Alimenta-se de ácaros e microinsetos, sendo abundante no hemisfério norte, especialmente em Cuba. Está na lista de espécies ameaçadas da IUCN, devido à perda do habitat natural.
Fonte: Arkive